O círculo é um símbolo antigo e universal, que representa a
unidade e a totalidade; tem uma forma perfeita e infinita, sem começo nem fim,
que caracteriza a continuidade.
Ele é um dos padrões energéticos fundamentais do mundo
natural, observado nos ciclos solares e lunares, na Roda do Ano, na mandala da
vida e das encarnações, no movimento giratório dos centros de força do ser
humano (cujo nome em sânscrito – chakra
– significa ‘roda’), na eterna e permanente passagem do tempo. Nada é estático,
tudo se movimenta e muda, a espiral contínua da transformação se reflete na
vida cíclica do Todo, onde tudo renasce, se desenvolve, alcança a plenitude e
diminui até desaparecer, para depois renascer.
O movimento dos corpos celestes; a dança das estações; as
mudanças de luz e sombra, de pressão e umidade, de calor e frio, de expansão e
retração se refletem na vida cósmica e humana, no macro e no microcosmo. Por ser
o círculo a forma pela qual as energias universais se integram, ele se tornou o
símbolo mais antigo e fundamental da humanidade. [...]
Apesar da presença evidente ou sutil do círculo na nossa
vida e realidade, perdemos a habilidade para o pensamento circular, pois na
nossa cultura a linha reta é o modelo certo, o próprio conceito judaico-cristão
de tempo linear. A história é vista como uma sequência de eventos, sem dar
atenção aos ciclos do ‘eterno retorno’. Na percepção ocidental, o tempo corre
para a frente, por isso pensamos, planejamos e nos movimentamos apressadamente,
sem prestar atenção naquilo que se passa ao nosso redor, sem perceber os
movimentos cíclicos da vida e da Natureza. Somente aceitando e praticando a
interação com o universo, tendo a percepção dos processos cósmicos e telúricos,
poderemos nos alinhar com as energias naturais e viver de uma maneira mais
plena, saudável, harmônica e feliz.
A reunião em círculo de pessoas que compartilham os mesmos
objetivos e interesses é uma maneira ancestral e sagrada de provocar
transformações pessoais e coletivas.
Mirella Faur. Círculos
Sagrados para mulheres contemporâneas. Práticas, Rituais e Cerimônias para
o Resgate da Sabedoria Ancestral e a Espiritualidade Feminina. São Paulo:
Pensamento, 2011.
Nenhum comentário:
Postar um comentário