Para você MULHER

"Na infinidade da vida onde estou, tudo é perfeito, pleno e completo... Eu me amo. Portanto perdoo e liberto totalmente o passado e todas as experiências passadas. Eu estou livre... vivo plenamente o presente... Tudo é perfeito, pleno e completo..." Louise L. Hay

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

A volta do culto a Grande Mãe foi favorecida pelo movimento feminista, pelo despertar da consciência ecológica, pelas novas teorias científicas que veem a Terra como um todo vivo (a hipótese Gaia), pelas novas descobertas e reavaliações arqueológicas e antropológicas, pelo reavivar das antigas tradições xamânicas e práticas nativas, pela necessidade dos rituais, pelo retorno da astrologia e dos oráculos e pelo surgimento da psicoterapia, das terapias naturais e alternativas. O caminho para encontrar a Grande Mãe em uma de suas múltipla manifestações - seja como a toda abrangente Mãe Terra, seja como uma das numerosas deusas existentes em várias mitologias e tradições - é diferente das outras sendas  espirituais praticadas no mundo atual. Não existem organizações ou templos formais, não há dogmas ou sacerdócio organizado. Para vislumbrar ou encontrar a Grande Mãe, precisamos apenas abrir nossas mentes, descartar os preconceitos e os condicionamentos socioculturais e criar para Ela, um espaço sagrado em nosso coração e em nossa vida.
Observar as imagens das deusas, ler sobre suas lendas e mitos, descobrir e praticar rituais, são apenas algumas das maneiras de trazer de volta, para nossa memória e consciência, o antigo poder e valor do Divino Feminino. Este é, na verdade, o caminho para o fortalecimento da mulher, fazendo-a sentir-se mais confiante e segura, encontrando motivo de orgulho, realização e poder em sua essência feminina. Também os homens poderão ser incentivados a descobrir, perceber, revelar e expandir sua anima, seu lado sensível e emotivo, completando, assim, sua personalidade e abrindo novas portas de comunicação e colaboração com suas parceiras.
Ao restabelecer o ponto de equilíbrio na balança das polaridades feminina e masculina, poderemos celebrar e nos alegrar com o retorno da Grande Mãe, não como um substituto para o Deus Pai, mas como sua consorte, sua complementação perfeita, levando à união dos opostos para a criação de um mundo de paz, amor e harmonia. Esse é o verdadeiro significado do Hiero Gamos, o "casamento sagrado" que cria a unidade, concilia diferenças, apara arestas e integra polaridades do Pai Céu à Mãe Terra, gerando um mundo novo para um novo ser humano.

Mirella Faur. O Anuário da Grande Mãe: guia prático de rituais para celebrar a Deusa. São Paulo: Alfabeto, 2015.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Círculos são para nós, mulheres, que ao abrir um espaço na cultura ocidental de orientação masculina nos distanciamos do nosso saber feminino e nos moldamos na forma firme, rígida, pró-ativa, linear, racional e competitiva do mundo masculino. Nos círculos integramos a força assertiva do yang com o coração compassivo do yin no vale das possibilidades femininas. Renovamos nosso espírito e celebramos o poder da mulher que, enraizada em seus mistérios, sana sem mais demora as feridas da Terra, promove a igualdade entre os povos e a paz através da cultura.[...]
Como sabemos que o Princípio da Criação está retornando? Vemos isso através da sobrevivência, tenacidade e crescimento do movimento de mulheres. O movimento das mulheres emergiu no século que passou através de duas vertentes principais,cujo ímpeto propiciou uma significativa mudança na consciência feminina.
Uma vertente, o feminismo político, inspirado pelo insight crucial de que o feminino pessoal é político. O yang do yin. A outra vertente, da espiritualidade feminina, yin do yin, que invoca o retorno da Deusa e reconecta a mulher moderna com a herança dos mistérios sagrado femininos.
Ao longo das últimas décadas estas duas vertentes fluíram de uma forma independente, às vezes polarizada. Mulheres politicamente ativas, ativistas, muitas vezes considerando qualquer movimento relacionado à espiritualidade e à jornada da essência feminina como indulgência narcisista, na condição de mulheres em busca de sua jornada interna, muitas vezes sem disposição e coragem para assumir responsabilidades pelo destino da humanidade.
Hoje as duas vertentes sentam em círculo, tecem, remendam, costuram o tecido da irmandade feminina. Mulheres politicamente ativas começam a se abrir para práticas da espiritualidade feminina. Estas práticas nutrem as almas das irmãs ativistas inspirando-as a novas formas de ser e atuar no mundo. Mulheres buscadoras de crescimento transpessoal começam a ouvir o apelo de serviço planetário, se dando poder e força ao aplicar sua sabedoria intuitiva na transformação social.

prefácio de May East - Jean Shinoda Bolen, M.D. O milionésimo círculo: como transformar a nós mesmas e ao mundo. Um guia para Círculo de Mulheres. São Paulo: TRIOM, 2011.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

O encontro em círculos é muito importante para as mulheres modernas porque esse tipo de encontro elimina a hierarquia e propicia um espaço seguro e protetor, que evoca as formas femininas - o ovo, o ventre grávido, o seio nutriz, o abraço carinhoso, o abrigo de uma gruta - símbolos perenes, sagrados e naturais. Em círculo, todas são igualmente vistas e ouvidas, pois cada mulher à mesma distância do centro, sendo a distribuição e recepção igualitária de energias, ideias, iniciativas e ações a própria definição de círculo. Para mulheres, é mais fácil participar de um círculo porque a sua forma natural e habitual de pensar é circular e espiralada, diferente do pensamento linear masculino. Na concepção do sagrado feminino, é mais natural compartilhar o poder do que lutar para se apropriar dele.

Mirella Faur. Círculos Sagrados para mulheres contemporâneas. Práticas, Rituais e Cerimônias para o Resgate da Sabedoria Ancestral e a Espiritualidade Feminina. São Paulo: Pensamento, 2011.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

O círculo é um símbolo antigo e universal, que representa a unidade e a totalidade; tem uma forma perfeita e infinita, sem começo nem fim, que caracteriza a continuidade.
Ele é um dos padrões energéticos fundamentais do mundo natural, observado nos ciclos solares e lunares, na Roda do Ano, na mandala da vida e das encarnações, no movimento giratório dos centros de força do ser humano (cujo nome em sânscrito – chakra – significa ‘roda’), na eterna e permanente passagem do tempo. Nada é estático, tudo se movimenta e muda, a espiral contínua da transformação se reflete na vida cíclica do Todo, onde tudo renasce, se desenvolve, alcança a plenitude e diminui até desaparecer, para depois renascer.
O movimento dos corpos celestes; a dança das estações; as mudanças de luz e sombra, de pressão e umidade, de calor e frio, de expansão e retração se refletem na vida cósmica e humana, no macro e no microcosmo. Por ser o círculo a forma pela qual as energias universais se integram, ele se tornou o símbolo mais antigo e fundamental da humanidade. [...]
Apesar da presença evidente ou sutil do círculo na nossa vida e realidade, perdemos a habilidade para o pensamento circular, pois na nossa cultura a linha reta é o modelo certo, o próprio conceito judaico-cristão de tempo linear. A história é vista como uma sequência de eventos, sem dar atenção aos ciclos do ‘eterno retorno’. Na percepção ocidental, o tempo corre para a frente, por isso pensamos, planejamos e nos movimentamos apressadamente, sem prestar atenção naquilo que se passa ao nosso redor, sem perceber os movimentos cíclicos da vida e da Natureza. Somente aceitando e praticando a interação com o universo, tendo a percepção dos processos cósmicos e telúricos, poderemos nos alinhar com as energias naturais e viver de uma maneira mais plena, saudável, harmônica e feliz.
A reunião em círculo de pessoas que compartilham os mesmos objetivos e interesses é uma maneira ancestral e sagrada de provocar transformações pessoais e coletivas.


Mirella Faur. Círculos Sagrados para mulheres contemporâneas. Práticas, Rituais e Cerimônias para o Resgate da Sabedoria Ancestral e a Espiritualidade Feminina. São Paulo: Pensamento, 2011.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

E se, na verdade, não importa o que você faz e sim como você faz, seja lá o que for?
Como isso mudaria o que você decidiu fazer com a sua vida?
E se você pudesse ser mais presente e ter uma atitude mais acolhedora com cada pessoa que encontrasse, se, em vez de estar fazendo um trabalho que achasse importante, estivesse trabalhando como caixa de uma pequena loja ou recepcionista de um estacionamento?
Como isso mudaria o modo como você quer passar seu precioso tempo neste planeta?
E caso sua contribuição para o mundo e a conquista da sua felicidade não dependam da descoberta de um novo método de rezar ou de uma técnica de meditação mais adequada, nem de ler o livro certo ou comparecer ao seminário apropriado, e sim de você realmente ver e apreciar profundamente a si mesmo e ao mundo como eles são neste momento?
Como isso afetaria sua busca de crescimento espiritual?
E se não houver necessidade de mudar, de se transformar numa pessoa mais bondosa, mais presente, mais amorosa ou mais sábia?
Como isso afetaria todos os aspectos da sua vida em que você está sempre procurando ser melhor?
E se a tarefa for simplesmente desabrochar, se tornar quem você realmente é — uma pessoa meiga, bondosa, capaz de viver plenamente e de estar apaixonadamente presente?
Como isso afetaria a maneira como você se sente quando acorda de manhã?
E se quem você é essencialmente agora for exatamente o que você será sempre?
Como isso afetaria o modo como você se sente em relação ao futuro? E se a essência de quem você é e sempre foi for suficiente?
Como isso afetaria a forma como você vê e se sente em relação ao passado?
E se a questão não for: por que é tão raro eu ser a pessoa que realmente quero ser, e, sim, por que é tão raro eu querer ser a pessoa que realmente sou?
Como isso mudaria o que você acha que precisa aprender?
E se o fato de nos tornarmos quem realmente somos não acontecer através do esforço e da tentativa, e sim por reconhecermos e aceitarmos as pessoas, os lugares e as experiências que nos oferecem o calor do estímulo de que precisamos para desabrochar?
Como isso determinaria as escolhas que você faz a respeito de como quer viver o momento presente?
E se você soubesse que o impulso para agir de uma maneira que irá criar a beleza no mundo surgirá bem no seu íntimo e servirá de orientação sempre que você simplesmente prestar atenção e esperar?
Como isso daria forma à sua quietude, seu movimento, sua disposição de seguir este impulso, de apenas se soltar e dançar?


Oriah Mountain Dreamer. A Dança: acompanhando o ritmo do verdadeiro eu. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.